terça-feira, setembro 30, 2008

Onde estás?

Às vezes sinto que as palavras se gastam... Que são só palavras... Outras são tão fortes como um toque na pele, como duas bocas e um beijo... Às vezes preciso de mais... preciso que ficar esta noite seja tão real como a vontade de ficar... Outras completo-me só com as palavras e nada mais... Será que se os olhos se encontrassem tantas palavras se dissolvam em nada?? Ou será que esta força, que não consigo explicar, se tornaria tão enorme que não caberia nos olhos, fechada nas mãos?? Ocupa-me uma confusão de ternura com fogo, de medo com vontade com dúvidas com curiosidade... Dos sabores... Os cheiros... "Entrar nas casas é acreditar na visita,..." Onde desaguarão tantas palavras???

domingo, setembro 28, 2008

Fica...

Fica... Fica, só até eu adormecer...

quarta-feira, setembro 24, 2008

Íntimas Suculências

"Os seres humanos procuram perdidamente uma saída. Existe um fio condutor que pode conduzir-nos até ela, e esse fio é, nada mais nada menos, a nostalgia do passado. A nostalgia tem a ver com tudo o que perdemos, o ritual, a intimidade, as pulsões, o feminino. Urge recuperar uma relação individual e mais humana com a natureza. Necessitamos de Prometeus contemporâneos que roubem o fogo à indústria que contamina e produz irracionalmente e às fábricas de armamento, para que o homem recupere e se salve. Recuperar o poder criativo do fogo e devolvê-lo ao lar. Recuperar a cozinha como espaço de sabedoria onde se pratica a arte e a vida. Onde se unem os produtos da terra aos do ar, o presente ao passado. "Onde a mistura dos princípios activo e passivo cria outra realidade artística e espiritual através de um acto amoroso. Só o amor concilia opostos e faz de dois seres um único. Na cozinha conciliam-se os quatro elementos da natureza num prato só e um quinto elemento mais, que eu acrescentaria, e que é a carga afectiva, sensual - talvez aquilo a que o Oriente chamou "o vazio" -, que cada pessoa transmite à comida no momento de a preparar. É esta energia que converte o acto de comer num acto de amor. É onde se investe, reverte e amalgama o papel sexual do casal. O homem converte-se no ser passivo e a mulher no activo. A energia da mulher, misturada com os cheiros, os sabores, as texturas, penetra no corpo do homem, calorosa, voluptuosa, tornando uno o prazer gastronómico e o sexual. Aqui não há guerra dos sexos. Está superada. Há um único e grande gozo. Fomentemo-lo e recuperemos o ritual. Por meio dele recuperaremos o espírito. Temos pois, nas nossas mãos, tanto as mulheres como os homens - para que vejam que não somos sexistas -, a oportunidade de regressarmos à casa que abandonámos, mas desta vez conscientemente, a um outro nível. E juntos poderemos sacralizar a nossa casa, torná-la novamente num lugar de comunhão com o cosmos. Recuperar o fogo e o alimento sagrado que nos porá de novo em contacto com o passado, fonte do futuro. Esse passado familiar, nacional, a nossa "pátria íntima". E seria necessário ir mais longe, unir o prazer e a sabedoria, procurar a fórmula secreta do fruto proibido, aquele que, no momento de o comermos, nos fará reencontrar o Paraíso. Convertermo-nos de novo em deuses. Andarmos nus como Adão e Eva. Talvez unidos de novo o princípio activo e o passivo, o racional e o passional, o masculino e o feminino, de uma forma prazenteira, luxuriosa, orgiástica, que faça surgir a nova civilização, o Novo Homem, a nova literatura, que fale sem ressentimentos nem falsa vergonha da casa, do amor, da cozinha, da vida."

segunda-feira, setembro 22, 2008

"- Sabes o que leva as pessoas a serem tão cruéis umas para as outras? - pergunta o soldado alto. - Não faço ideia - respondo eu. - Nem eu - diz ele."

quarta-feira, setembro 17, 2008

Nô Kume Sabi

"Descobrimos, com surpresa, haver condições misteriosas que nos desenvolvem. Ligados aos outros por um fim comum que está fora de nós, só então respiramos. Nós, filhos da era da comodidade. Sentimos um inexplicável prazer em compartilhar os nossos últimos mantimentos no deserto. Áqueles que conheceram a grande alegria dos socorros no Saara, qualquer outro prazer parece fútil. Num mundo que se tornou deserto, desejamos ardentemente encontrar companheiros. Peço-te que vivas não daquilo que recebes, mas daquilo que dás, pois isso engrandece-te." (Antoine de Saint-Exupéry)

a Luz que a Lua nos Dá...

Pois... Parece que (ainda) ando desaparecida... Mas é assim que me sinto! Ainda meio confusa, sem saber bem o que hei-de contar desta viagem que me mudou os sentidos... Sem perceber se o que trouxe dentro de mim é transformável em material visível... Se parti confusa, regresso com mais dúvidas ainda... Com tantos porquês... Trago mais do que levei... Desvalorizamos tudo o que tem realmente valor... Não amamos sem vergonha, sem medos... Não damos sem pensar no retorno... Somos pessoas tristes, e o pior é que nem nos apercebemos disso... Não aproveitamos a luz que a lua nos dá... Falta-nos coragem para nos deixarmos emocionar por um pôr do sol... Um sorriso de afecto... Uma estrela cadente... DETURPAMOS TUDO...