terça-feira, novembro 17, 2009

o reconhecimento

"as miragens são todas aquelas pessoas que, sempre que as imaginávamos capazes de nos tornarem mais simples e mais compreensíveis, nos decepcionam. é por isso que as miragens nunca acontecem por influência da luz do sol, quando o olhamos de frente. só muito tarde descobrimos que as miragens nascem e crescem presas às pessoas que, em vez de janelas de simplicidade, criam labirintos no nosso coração. e nos levam a reparar, sempre que olhamos para trás, que - em vez de transparência - surge opacidade." (Sá, E.)

domingo, novembro 15, 2009

SE . . .

Se podes conservar o teu bom senso e a calma No mundo a delirar para quem o louco és tu... Se podes crer em ti com toda a força de alma Quando ninguém te crê...Se vais faminto e nu, Trilhando sem revolta um rumo solitário... Se à torva intolerância, à negra incompreensão, Tu podes responder subindo o teu calvário Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão... Se podes dizer bem de quem te calunia... Se dás ternura em troca aos que te dão rancor (Mas sem a afectação de um santo que oficia Nem pretensões de sábio a dar lições de amor)... Se podes esperar sem fatigar a esperança... Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho... Fazer do pensamento um arco de aliança, Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho... Se podes encarar com indiferença igual O triunfo e a derrota, eternos impostores... Se podes ver o bem oculto em todo o mal E resignar sorrindo o amor dos teus amores... Se podes resistir à raiva e à vergonha De ver envenenar as frases que disseste E que um velhaco emprega eivadas de peçonha Com falsas intenções que tu jamais lhes deste... Se podes ver por terra as obras que fizeste, Vaiadas por malsins, desorientando o povo, E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste, Voltares ao princípio, a construir de novo... Se puderes obrigar o coração e os músculos A renovar um esforço há muito vacilante, Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos, Só exista a vontade a comandar avante... Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre... Se vivendo entre os reis, conservas a humildade... Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre São iguais para ti à luz da eternidade... Se quem conta contigo encontra mais que a conta... Se podes empregar os sessenta segundos Do minuto que passa em obra de tal monta Que o minuto se espraia em séculos fecundos... Então, óh ser sublime, o mundo inteiro é teu! Já dominaste os reis, os tempos, os espaços!... Mas, ainda para além, um novo sol rompeu, Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos. Pairando numa esfera acima deste plano, Sem receares jamais que os erros te retomem, Quando já nada houver em ti que seja humano, Alegra-te, meu filho, então serás um homem!...
(Rudyard Kipling)

sexta-feira, novembro 13, 2009

O que me resta?

Que frio!!! Nas mãos tanto como no estômago... Sozinha. Às vezes preciso. O caderno, as palavras, o cigarro, a cerveja e eu, já tão habitual. Pois... Parece que me perdi a dançar! E o cinema não esperou... Era onde me ia encontrar hoje. Optei pelo rio, pelo frio. Que ainda me deixa pensar, que ainda me deixa sentir algum calor e perceber a mágoa! A crueldade em detrimento do afecto, assim tão leviana como um "deixa-me ir porque quero ficar", tão frágil... Não me apetece perguntar porquê porque receio sabê-lo. Assim como não quero perceber se o sol se esconde para não se encontrar com a lua. Deixa-me ir sem ter que partir... P'ra regressar... P'ra me quereres de volta. Mas o frio começa a transformar-se num recuo insuportável! Já não existe cerveja e as palavras começam também a gelar. O caderno aproxima-se do fim cheio de vazio e o cigarro tão cruelmente leviano. O que me resta? Eu

terça-feira, novembro 03, 2009

uma imagem para partilhar... reviver a dança... saudades das papoilas!

"Invoco o nosso sonho!...

... Estendo os braços! E ele é,ó meu Amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!..."

segunda-feira, novembro 02, 2009

ternura

Um céu cheio de estrelas, uma lua pela metade minguante, um caderno, uma esferográfica, um cigarro! O sono que não vem... Ao longe o som do piano confunde-se com o do saxofone. O fogo, a luz... Eu! E a minha terna solidão... A ansiedade regressa sem avisar, desprotegida... De repente tenho força, coragem sem medo. Claro que vale a pena. O sorriso... Os olhos enchem de água depois do primeiro beijo. As mãos não se deixam afastar. Espero-te, claro! Porque continuo a viver. Porque esperar não é parar. Porque sinto coisas boas, o medo é imaginação... Vamos ser nós... Transparentes! Outro cigarro... O vinho! Lembro-me do cheiro... Vou dormir bem, porque não quero que seja diferente...